É eu já estive aqui.
Sentado nesta mesma cadeira branca.
Nessa mesa cheia de tranqueiras.
Com o cigarro queimando.
Com CD's jogados.
E você piscando na tela.
E no fim, pra que?
Eu já sei aonde eu vou terminar nesta história toda.
No mesmo lugar de sempre. Nesta cadeira branca. De plástico.
Fantasiar é bom. Tem me feito bem.
Mas no fim, nada muda de verdade. Muda?
Você me mudou. Muito.
Sou grato por isso.
Eu te mudei acho. Você também é grato. Acho.
Mas no fim, estaremos igual no começo.
Nesse ciclo.
Por isso não gosto de ciclos.
A vida podia ser retilínia, com os altos e baixos.
O único alto é o topo do ciclo.
O único baixo sou eu descendo.
Nós não escrevemos nossa história.
Só marcamos com aquela tinta vagabunda de parque de diversão.
Depois de alguns banhos, sai.
E você esquece da montanha-russa que esteve comigo.
E talvez eu me esqueça de você.
Mesmo assim, estou aqui nesse quarto cinza, na mesma cadeira de sempre, só esperando você piscar na tela.
Eu sempre serei o amigo dos bons conselhos.
Aquele que você procura quando quer rever a vida.
E precisa tomar decisões.
E eu serei o que?
Eu serei outra pessoa.
Não mais eu.
Não mais você.
Talvez, ninguém mais.
Talvez. mais ninguém.
E no fim, bem no fim, só o cigarro queimando vai ser meu amigo.
Ele não piscou me dando esperança.
Ele não me fez fantasiar.
Ele não me engana.
Sempre disse que ia me ferrar.
E isso ele faz bem, pois ele foi feito pra isso.
Warmer than warm.
Um comentário:
E deixamos de ser o que éramos pra nos tornarmos algo que não somos hoje, mas seremos amanhã...
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